"O insólito chegou, agora um Professor para poder dar aulas tem de realizar no mínimo dois exames, um de Língua Portuguesa e um Científico. Este novo método é obrigatório para todos os Professores que sejam contratados. O mais curioso, e para não lhe chamar outra coisa, é que os Professores que se queiram submeter a esses exames, têm de pagá--los do seu próprio bolso. Ou seja, o coitado do Professor contratado, sem saber se vai dar aulas, que é o mais provável, nem sabe onde vai parar, nem sabe quantas horas vai ter, é obrigado a pagar os seus exames, para poder concorrer aos horários residuais existentes. Visto bem as coisas, faz todo o sentido, vejamos: Um estudante acaba o 12º ano e resolve acabar com a sua vida, ingressando na Universidade, numa Faculdade orientada para as Ciências da Educação, em que irá tirar um “pseudo curso” para o ensino. Gasta anualmente durante a sua vida universitária cerca de mil euros em propinas. Supondo que é um aluno exemplar, acaba o curso em quatro anos e mais um de estágio, não remunerado, claro! Totalizando o bonito valor de 5 mil euros, mil contos, na moeda antiga, a tudo isto deve-se juntar ainda, os alugueres de casa, gasolina, refeições, … O recém licenciado, suposto Professor, para poder exercer a sua função é obrigado a fazer no mínimo dois exames, e obrigatoriamente tem de ter mais de 14 valores nos dois, senão nunca poderá dar aulas. Supondo que nesse dia em que o jovem recém licenciado em suposto Professor é submetido a exame, lhe correm mal as coisas, e não consegue tirar o 14, mas sim o 13 num dos exames, de imediato, é excluído da profissão de Professor e durante esse ano, não pode concorrer para dar aulas. Mas tem sempre a hipótese de no próximo ano fazer novos exames. E o que faz esse coitado suposto Professor durante todo um ano? Como sobrevive um jovem durante um ano inteiro, sem fazer nada? Em teoria, este tipo de avaliação traria melhor qualidade ao ensino em Portugal, mas com este tipo de avaliação, passamos um atestado de incompetência a todas as Universidades, pois caso um suposto Professor consiga acabar um curso universitário, todos os comuns mortais concluiriam que depois de fazer mais de 40 cadeiras, teria conteúdos, quer científicos quer pedagógicos para ensinar, mas este Governo, julga que não! Então temos de exigir aos nossos Governantes, que também façam uns exames, antes de irem para o nosso Governo, por exemplo o de inglês técnico, ou o de mentir em público, ou a obsessão no défice, que obriga a fechar quase todos os serviços de urgência do País. Sinceramente, em que País vivemos? Um País que persegue os Professores, os Funcionários Públicos, os Advogados, os Juízes, os Comerciantes, os Empresários... Que País é este?"
Fábio Bota
* Suposto Professor (Presidente da JSD / Algarve)
Diário Região Sul
1 comentário:
Em resposta podemos notar que esta é apenas uma consequência lógica da destruição sistemática do nosso sistema escolar que começou há 30 anos, e contra a qual insurgimos no nosso blog; os capitulos principais estão aqui e aqui.
O que está a acontecer nos últimos 10 anos, é que na falta dos alunos competentes, entrem nas universidades alunos que mal sabem ler e contar, e alguns destes mesmo conseguem acabar o curso, recebendo o canudo.
A universidade não consegue ensinar a estes alunos (e futuros professores) aquilo que não conseguiram aprender na escola, mas na falta dos alunos, acaba por passar também estes, reduzindo as exigências - a existência dos cursos e os salários dos docentes universitários dependem do número dos alunos.
Entretanto, consideramos que seria inoportuno confiar a estes professores, cuja formação é claramente deficiente, o ensino das futuras gerações.
Assim, podemos concordar com esta medida, embora as medidas muito mais urgentes e com consequências muito mais importantes continuam por tomar, pois o M. E. na sua santa incompetência teima em não reconhecer a existência dos problemas pedagógicos na Escola.
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