Este fim-de-semana os jornais noticiaram mais uma pérola do ministério da educação. Parece que a Srª Maria de Lurdes pretende aumentar a carga horária dos professores de cinco para oito horas diárias. Confesso que de todas as surpresas com que esta senhora nos tem brindado ao longo dos últimos tempos, esta é a que menos me preocupa. E digo isto porquê? Porque simplesmente esta é uma daquelas medidas que não tem qualquer possibilidade de ser implementada. É tão amalucada, tão disparatada, tão destituída de senso que até a própria ministra já deve ter caído em si e, por certo, nunca mais vamos ouvir falar do tema. Vão por mim. Não se preocupem.
terça-feira, outubro 31, 2006
domingo, outubro 29, 2006
A montanha pariu um rato
Mais uma vez, rasgados elogios para o ME. A populaça aplaude extasiada. Até dos próprios sindicatos dos professores vieram loas à decisão ministerial (querem ver que a insanidade atacou os próprios sindicatos?!). Tudo isto por causa de uma proposta do Governo que obriga os candidatos a professores a terem um mestrado de acordo com as novas regras do Processo de Bolonha. Vão ser necessários 5 anos de formação. Esqueceram-se de dizer que esses são os anos de formação que tiveram a maioria dos professores do ensino básico e secundário deste país. A única diferença é que naquela altura as licenciaturas tinham uma duração de 5 anos que agora passarão a três. Ou seja, tudo na mesma como dantes: os novos professores terão o mesmo tempo de formação que era exigido até aqui. Ora se asssim é, o que terá motivado a reacção efusiva dos sindicatos?!
sexta-feira, outubro 27, 2006
Um mentiroso refinado
"Verifiquei com satisfação que, finalmente, ao longo de muitos meses, os sindicatos, nas reuniões que têm mantido com o Governo, acabaram por concordar com o Governo de que a introdução da avaliação era necessária no novo estatuto da carreira docente. Mais vale tarde do que nunca!" (José Sócrates).
Há que reconhecer que Sócrates é um expert em propaganda política. Não importa se o que ele diz é verdade ou não. Para ele o que importa, o que verdadeiramente interessa, é fazer passar a ideia de que os professores não querem ser avaliados. E quer queiramos quer não, conseguiu-o. E na veiculação desta mensagem, a ajuda da comunicação social tem sido preciosa uma vez que se tem constituído como o principal aliado do governo na desacreditação dos professores junto da opinião pública. Os professores e os sindicatos bem têm tentado desmontar esta cabala mas a verdade é que até agora o nosso esforço tem-se revelado infrutífero. Andámos muito tempo adormecidos. Acordámos tarde. E com os media do outro lado da barricada quer-me parecer que a nossa batalha está condenada ao insucesso.
terça-feira, outubro 24, 2006
A vergonha do costume
O Ministério das Finanças reconhece hoje, em comunicado, que os bancos não são obrigados a reter na fonte o IRS e o IRC resultantes dos juros de obrigações emitidas por bancos nacionais no exterior. Segundo o ministério, esta situação só era possível porque a administração fiscal desconhecia o regime aplicável.
Mas alguém acredita na "ignorância" da administração fiscal sobre esta matéria? Por acaso esta gente pensa que somos todos burros e que não vemos que tudo isto não passa de um nojento conluio entre o governo e a banca? Como pode a administração fiscal ignorar os faustosos lucros da Banca? Não seria suposto esta entidade controlar as finanças públicas como tão bem sabe fazer com os pequenos contribuintes, aqueles que sempre pagam a factura elevada da incompetência de sucessivos (des) governos que há conta de manobras destas tendem a levar o país para uma situação insustentável? É o cúmulo da imoralidade! Este regime de excepção para os poderosos devia desencadear em todos nós uma reacção vigorosa. Os lucros e mordomias escandalosas dos bancos, e as obras para enriquecer alguns ( TGV e OTA ) são atestados de estúpidez e ignorância, passados a todos os portugueses. Este governo enoja: sempre tão solícito a "bater" nos mais fracos e sempre tão subserviente relativamente aos poderosos. Até quando vamos aguentar este escândalo nacional?
segunda-feira, outubro 23, 2006
Curso de Formação sobre Área Projecto do 12ºAno
Com o intuito de disponibilizar informação aos professores que estão a leccionar a Área Projecto do 12ºAno, o Ministério da Educação decidiu realizar um Curso de Formação de 25h que decorrerá até finais de Novembro, em vários pontos do país: durante esta semana em Coimbra, na 2ª semana de Novembro em Évora e, finalmente, na 3ª semana de Novembro, no Porto. Não está em causa a pertinência da acção que, por razões que toda a gente facilmente percebe ( novidade no ensino secundário; ausência de um Programa que oriente os professores na sua prática lectiva), faz todo o sentido realizar-se. O que me deixa perplexo, é ela fazer-se só nesta altura quando a maioria dos projectos já está em fase de execução. Não lembra ao diabo e custa a entender porque é que não se realizou antes do ano lectivo se ter iniciado. Que me desculpem os senhores do ministério, mas isto é um claro desrespeito pelos professores que leccionam e/ou coordenam esta área não disciplinar.
domingo, outubro 22, 2006
Ministros sobem 6,1%
Se há notícias que chocam esta é uma delas. Depois de brindarem o zé povinho com aumentos salariais que não vão além dos 1,5%, o governo decidiu aumentar os seus ministros em 6,1%. Ora digam lá se isto não é motivo para uma pessoa se sentir revoltada? Levam a vida a apregoar que o país está em crise e a apelar ao sacrifíco de todos e aquilo a que nós assistimos é que afinal a contenção é só para alguns. É sempre a mesma coisa o que já enoja. E a tudo isto os portugueses respondem passivamente. Não há volta a dar-lhe: anexem-nos a Espanha!
sexta-feira, outubro 20, 2006
A luta continua
Tal como se esperava, o 2º dia de greve não teve a mesma taxa de adesão do 1º dia. Foi, contudo, uma baixa pouco significativa (5%) e perfeitamente compreensível atendendo a que, para algumas carteiras, dois dias consecutivos de paralisação são bastante penalizadores. Seja como for, um valor global de 80%, é algo que eu, muito honestamente, não estava à espera e que me deixa bastante satisfeito. Talvez agora a srª ministra tenha finalmente percebido que os professores não são nenhuns paspalhos a quem ela espezinha quando muito bem quer e lhe apetece. Pelo contrário. Os professores demonstraram cabalmente que sabem lutar pelos seus direitos e vão continuar a prová-lo no futuro. No entanto, é bom que tenhamos consciência que esta guerra ainda agora começou e muita água ainda vai correr por debaixo das pontes. A ministra não vai capitular facilmente, como aliás ficou bem patente na reunião desta tarde com os sindicatos. A 4ª versão do ECD, mantém no essencial tudo o que as outras versões continham, o que significa que temos ainda muito caminho por desbravar. As sondagens favoráveis, a concordância dos analistas e da maioria da população à sua política, dão-lhe força para continuar a manter a intransigência. Esta inflexibilidade da ministra só pode ser quebrada com uma classe unida e perseverante na luta por um ECD que dignifique a profissão docente e a qualidade do ensino em Portugal.
quarta-feira, outubro 18, 2006
Os números da greve
Na guerra habitual dos números, temos um primeiro balanço: do lado dos sindicatos, os números de adesão à greve foram assoladores (85%); na perspectiva dos serviços do ministério estes ficaram-se pelos 39%. A diferença nas duas leituras é abissal, como era de esperar. Por aquilo que verifiquei na minha escola e dos dados que fui recolhendo de outras escolas vizinhas, estou tentado a apontar um número na casa dos 70%. Certo ou errado, ainda assim é um número bastante significativo. Aguardemos o que nos diz o dia de amanhã.
segunda-feira, outubro 16, 2006
O escandaloso negócio da banca em Portugal
"Esta carta foi direccionada ao Banco BES, porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direccionada a todas as instituições financeiras.O que acham?
CARTA ABERTA AO BRADESCO
Exmos Senhores Administradores do BES
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco. Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão. Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar. Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta".Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam "por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos.
Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro".
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobraram-me uma taxa de 1€.
Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5€ "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua".
A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25€ a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente".
Mas, os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações do v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc, etc, etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.
Sei disso.
Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais.
Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma".
CARTA ABERTA AO BRADESCO
Exmos Senhores Administradores do BES
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco. Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão. Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar. Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta".Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam "por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos.
Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro".
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobraram-me uma taxa de 1€.
Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5€ "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua".
A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25€ a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente".
Mas, os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações do v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc, etc, etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.
Sei disso.
Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais.
Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma".
P.S. - Apetece perguntar: que contributo tem dado a banca para a resolução da crise neste País?
sexta-feira, outubro 13, 2006
As greves da próxima semana
Tal como se previa, vamos ter greve nos dias 17 e 18 de Outubro. Na reunião de ontem com os sindicatos, o Ministério da Educação manteve a sua intransigência em fazer concessões nas matérias fundamentais da carreira docente e, por isso, não restou outra alternativa aos professores que não fosse avançar para mais uma jornada de luta. Pretende-se como é óbvio que a greve venha a ter a mesma dimensão que teve a manifestação do dia 5. Bem gostaríamos que assim fosse. Porém a experiência diz-nos que quando toca a greves o professorado encolhe-se. Pelas mais variadas razões. A principal das quais prende-se com questões monetárias: a classe docente é mal paga e um dia de greve faz sempre mossa no orçamento familiar; acresce que, desta vez, a greve prolonga-se por mais um dia o que penaliza ainda mais quem já vive com dificuldade. Este facto, que não é tão desprezível quanto isso, poderá condicionar a adesão de muitos professores. E infelizmente parece-me que é isso que vai acontecer. A imagem de unidade que tão bem soubemos dar na semana passada sairá assim bastante beliscada. Oxalá os meus prognósticos não se confirmem e que quarta feira eu tenha a grande satisfação de admitir que afinal os meus receios não se justificavam. Para bem de todos nós, professores!
quarta-feira, outubro 11, 2006
A verdadeira reforma no ensino
Há dias atrás ficámos a saber que instituições universitárias estão a receber alunos que nem o 9ºano completaram. Basta que os alunos tenham mais de 23 anos, façam uma prova e uma entrevista de admissão, que em muitos casos é um mero pró-forma, e aí estão eles elevados à condição de estudantes universitários. Ainda dizem que isto não é um país de oportunidades!
Qualquer dia vamos ser confrontados com alunos nas escolas básicas dizendo-nos que não faz sentido andarem a estudar se, meia-dúzia de anos depois, podem aceder à universidade sem sequer completarem o 9º ano. A continuar-se por este caminho acresce mais um motivo para as taxas de abandono escolar aumentarem. Definitivamente este país está a tornar-se num verdadeiro case-study a nível europeu e mundial.
terça-feira, outubro 10, 2006
Maria de Lurdes garante que os professores desconhecem o novo ECD
Questionada sobre a manifestação da passada semana, a ministra da educação resolveu passar mais um atestado de menoridade aos professores. Segundo ela, somos todos uma cambada de iletrados e analfabetos, sem vontade própria, e comandados por sindicatos que se servem a si próprios em vez de se preocuparem em defender os nossos interesses. Considera a manifestação um equívoco, fruto da ignorância dos professores face à proposta de revisão do ECD: parece que não o lemos, porque se o tivéssemos feito facilmente reconheceríamos estar perante um documento cheio de virtudes que toda a classe docente deveria subscrever e aclamar.
Já nem vale a pena comentar estes dislates da senhora tão óbvio se torna que a sua sanidade mental se degrada a cada dia que passa. Maria de Lurdes precisa urgentemente de acompanhamento médico especializado de modo a travar esta espiral de insensatez de que, há muito, dá mostras de estar possuída.
segunda-feira, outubro 09, 2006
"Ditadora", "autista" e "mentirosa", disseram eles
"1. O que Lisboa viu no dia 5 de Outubro, 96 anos depois do nascimento da República e Dia Mundial do Professor, foi a maior manifestação de sempre de docentes portugueses. Simpatize-se ou não com o processo, mais de 20 mil professores (e os números são da polícia, que não de fontes sindicais) a dizerem na rua o que lhes vai nas almas, vindos de todo o país, em dia feriado, foi esmagador. "Ditadora", "autista" e "mentirosa" foram alguns qualificativos endereçados à ministra da Educação, no calor da indignação. Se esta senhora integrasse um governo democrático e de esquerda, estaria agora a pensar. Mas uma voluntarista rudimentar como ela, que chega ao cúmulo de defender publicamente que se deve avançar mesmo que não existam condições para isso, que de Educação só vê cifras e números, mesmo sem os saber interpretar, não pensa.
2. Sendo que o carácter meramente formal da democracia em que vivemos parece não inquietar particularmente os portugueses, já o mesmo se não pode dizer quanto às clivagens que marcam hoje a nossa sociedade. Maliciosamente, políticos e gente de fluente "economês" têm-nas fomentado segundo a velha cartilha salazarenta do dividir para reinar, lançando o privado contra o público e os pais contra os professores (não se ufana a ministra de ter perdido os professores mas ter ganho os pais?). Os mais de 20 mil professores que desceram a Avenida da Liberdade não protestaram apenas contra o aviltamento e contra o roubo. Protestaram contra a sociedade que este Governo de direita liberal cega está a impor-nos, trocando pessoas por estatísticas manipuladas e números falsos, e o concreto, pungente, pelo abstracto. É fácil para os senhores que estiveram no Beato, sob a sigla "Compromisso Portugal", liquidar de uma só vez a vida de 200 mil funcionários públicos e famílias, sem que nos digam aquilo a que eles próprios se comprometem. É fácil para o governador do Banco de Portugal, confortado com o seu belo salário e protegido por uma reforma de privilégio, dizer que os salários dos funcionários públicos devem diminuir. O que é difícil é convencer os professores a andarem para trás enquanto os lucros bancários continuam por tributar, a corrupção grassa, a promiscuidade entre os interesses particulares e os do Estado persiste e os encerramentos de unidades produtivas viáveis se fazem em nome da sacrossanta economia de mercado.
3. A economia é uma caldeirada de ciências que deve ser usada para servir as pessoas, todas as pessoas, para uns. Para outros, a economia é um fim em si e falam dela como os taliban de Alá ou as beatas da Nossa Senhora de Fátima. A maneira como se olha a economia permite distinguir a esquerda da direita. A esquerda não pode governar sem pesar a consequência das suas medidas na vida da Pessoa e das pessoas. É por isso que Sócrates e servos são a direita nua de ideias no poder. Sob o estandarte da rosa murcha, vão ao próximo congresso do partido, que ainda se chama socialista, sem opositores, com um inegável apoio do sebastianismo nacional. Era bom que a indignação atirada ao vento da Avenida da Liberdade ecoasse nos ouvidos dos portugueses. A espoliação que agora toca aos professores chegará a (quase) todos, vintém após vintém.
4. A crise e o clima social que gerou seriam claramente propícios a um emendar de mão, que contaria com a solidariedade dos professores. Mas não chegámos à pré-falência senão por culpa da elite política, dos partidos que nos têm governado e dos erros que, ano após ano, foram cometendo. Era bonito e mobilizador que o reconhecessem, antes de nos ir aos bolsos e às batatas dos nossos filhos. E já que se persignam hipocritamente nas cerimónias oficiais a que presidem, em nome do Estado leigo que representam, bem podiam fazer essa contrição pública em vez de nos elegerem como malfeitores sociais. Foi contra a impossibilidade de corrigir erros de décadas num átimo e a necessidade de partilhar com os interessados as formas de o conseguir que os professores se manifestaram. Foi contra o escandaloso aumento do fosso entre ricos e pobres (segundo o INE, 10 por cento da população, os mais ricos, recebem mais que 50 por cento dessa mesma população, os mais pobres) que os professores protestaram.
5. Falei acima de estatísticas manipuladas. Que bom seria alguma televisão sentar frente a frente, em contraditório público, quem tem leituras diferentes dos mesmíssimos dados estatísticos. E se ficasse claro que apenas um parceiro europeu tem menos funcionários públicos que nós, que temos a segunda mais baixa despesa com saúde da Europa, que somos quem menos gasta em educação, que o número oficial de alunos por professor é uma treta e que os professores portugueses estão bem longe de ser os melhor pagos entre os pares, etc., etc.? Por mim, iria lá deliciado, confesso, e não vetaria interlocutores como a ministra da Educação terá feito para ir ao Prós e Contras. Prometo levar notas de vencimentos dos professores de vários escalões e um belo documento assinado pelo sindicalista Jorge Pedreira, quando então defendia exactamente o contrário do que hoje diz o secretário de Estado Jorge Pedreira, sobre a mesmíssima matéria das carreiras dos docentes".
Santana Castilho
Jornal Público
sábado, outubro 07, 2006
Demonstração de força
A manifestação de ontem excedeu as minhas melhores expectativas. Confesso que não estava à espera de uma participação tão massiva: 20.000 ou 25.000 manifestantes, é um número nada desprezível, bem pelo contrário, e revelador do grande descontentamento dos professores face à política da ministra e, em especial, das barbaridades inscritas no novo ECD. Os professores parece que finalmente acordaram e tomaram consciência de que têm de lutar se quiserem fazer valer os seus direitos. Deseja-se que este dia de luta tenha constituído um factor motivador para todos aqueles docentes que, pelos mais variados motivos, não puderam ou não quiseram estar presentes. Novas jornadas de luta se avizinham - 17 e 18 de Outubro - e todos aqueles que não participaram ontem, têm nestes dias uma boa oportunidade de o fazer. Quanto mais não seja por uma questão de respeito por todos aqueles colegas que andam a lutar por eles. É imprescindível que os professores dêem uma imagem de unidade num combate onde não nos é permitido perder.
quinta-feira, outubro 05, 2006
Será boato?
Os sindicatos, nalgumas escolas, andam a dizer que os professores dos 8º, 9º e 10º escalões que não se queiram candidatar a professores titulares sujeitam-se a ir para o quadro de excedentes. Será que isto tem algum fundamento ou é apenas uma manobra de diversão?
quarta-feira, outubro 04, 2006
Maria de Lurdes igual a si própria
No final de uma visita a escolas básicas do concelho de Loulé e Portimão, a ministra da educação conseguiu juntar à sua habitual arrogância e prepotência, um cinismo revoltante. A mulher tem um particular prazer em atentar contra a dignidade dos professores e faz gala em não esconder o gozo que isso lhe dá. Esta atitude provocatória sem limites pode um dia sair-lhe bastante cara. Há muitos bons professores por esse país fora, que se empenham ao máximo na sua profissão e que começam a estar fartos deste constante ataque à sua dignidade profissional. De tanto esticar a corda, um dia ela parte e, nessa altura, a senhora ministra pode vir a colher os ventos que desde há largo tempo não se cansa de semear.
domingo, outubro 01, 2006
O stress na profissão docente
É rara a vez em que não chegue a casa carregadinho de stress após mais um dia de trabalho, sobretudo naqueles dias em que a carga horária é mais pesada. Esta é uma situação muito particular da condição de professor e que não se verifica na maioria das outras profissões. Os problemas da nossa profissão são, como se sabe, inúmeros: a indisciplina; a falta de empenhamento dos alunos nas aulas; a falta de condições de trabalho; a insuficiência de apoios por parte do Ministério da Educação; as exigências que são feitas aos professores para os quais eles não estão preparados (ser pai, mãe, assistente social, psicólogo, etc); a constante desvalorização social de que somos vítimas apesar do trabalho intenso que envolve o "ser professor". Estes são apenas algumas das situações complexas com as quais os professores convivem diariamente. Outros tantas poderiam ser acrescentados sem o menor esforço. Ora tudo isto contribui para que o "ser professor" devesse ser considerada uma profissão de risco. Aliás não será por acaso que os profissionais de ensino são aqueles que mais recorrem à ajuda psiquiátrica e psicológica. Infelizmente, este não parece ser o entendimento do Ministério da Educação que não só resolveu aumentar a idade da reforma dos professores dos 60 para os 65 anos, como ainda decidiu que a primeira redução da componente lectiva só irá acontecer aos 50 anos de idade. Nem dá para acreditar! Uma decisão destas só pode ser tomada por alguém que não consegue percepcionar a verdadeira dimensão do que é ser professor na sociedade dos nossos dias. Seria interessante verificar qual a percentagem de professores que aos 60 anos está em condições físicas e psicológicas para enfrentar as exigências da profissão? Muito poucos, direi eu.
sexta-feira, setembro 29, 2006
Desabafos de uma professora "titular"
"Mas... só me apetece dizer "os professores têm o que merecem".Mas que merda de gente é esta que se põe a falar sobre a Proposta de alteração do Estatuto da carreira docente sem o ler primeiro! É ouvir "a fulana disse-me que...o sicrano disse-me que....caíram na armadilha montada (muito bem montada) pelo ministério e é vê-los (furiosos e ultrajados) de braços no ar a dizer raios e coriscos dos encarregados de educação: "EU? SER AVALIADA PELOS PAIS DOS ALUNOS? ERA O QUE FALTAVA! TODOS BURROS E ANALFABETOS, SEM FORMAÇÃO, IRRESPONSÁVEIS, ETC, ETC, ETC..." E não saem daqui . Que bom para o ministério, cuja ministra, a esta hora, esfrega as mãos de contente e diz "esta classe é uma cambada de burros, deixai-os esbracejar à vontade, ocupados com a guerra contra os pais porque, aquilo que a nós realmente interessa, é o resto que está escrito no novo estatuto"! Sou obrigada a tirar o chapéu a esta ministra e dizer que é, de facto, muito inteligente, embora pudesse ser mais bem educada e dizer as coisas de forma mais "subtil", mas para além de ser inteligente é, como se diz cá no Alentejo, "mais bruta que uma morada de casas", e quando fala é para deitar tudo abaixo. Pois, pois, ocupem-se com os pais e não vejam que: a partir de agora, 80% dos professores nunca atingirá o topo da carreira; navegarão toda a sua vida profissional no 3º escalão, recebendo um mísero salário (isto, se não tiverem o azar de receber duas classificações seguidas de "regular", ou pior ainda, forem classificados de "insatisfaz", porque aí são excluidas do circuito, sem hipótese de regresso) ; os desgraçados que agoram iniciam, para além do exame de estado, e supondo que têm nota positiva, têm um primeiro ano de experiência para mostrarem se servem ou não, se não, fora com eles. Agora, pergunto eu: os médicos ou os juízes também o fazem? Se calhar, deviam!; a 1ª redução lectiva (2 horinhas) só vai acontecer aos 50 ANOS DE IDADE; e pensar que na Alemanha a seguir a uma 1ª recaída, após uma depressão nervosa, os docentes são reformados! Um professor, dos 2º, 3ºciclos e secundário, com 50 anos de idade, em Portugal, irá enfrentar uma média de 100 a 130 alunos diáriamente; e livre-se de ir ao psiquiatra porque, então, com fama de "maluco" é que nunca mais passará da classificação de "regular", se não for "pró olho da rua"(supranumerário). E dizem já alguns todos inchados "Eu já sou professor de 1ªcategoria," E ENCHEM A BOCA PARA ACRESCENTAR "JÁ SOU PROFESSOR TITULAR". Mas que tolos, não viram o presentinho envenenado que lhes está reservado: são eles que obrigatóriamente têm que assumir as funções de coordenadores, executivos, departamentos, etc. Há que aprender a ser "lambe-botas" dos chefes de departamento, dos coordenadores de grupo e dos membros do executivo (claro, sem esquecer a oferta dos presuntos aos encarregados de educação!), são eles que nos vão avaliar numa escala de 1 a 10;Um dos itens de avaliação ao docente, a preencher pelo executivo é "nº de alunos que reprovou", "nº de alunos que abandonou"...finalmente, o insucesso escolar vai acabar e os alunos num futuro próximo não vão saber escrever uma linha direita, nem somar 2+2, quer dizer, 1+1, porque 2+2 já não sabem, agora. E é vê-los a berrar "greve aos exames, greve aos exames!!!!!!!" . Já se esqueceram da requisição civil feita nos exames do ano passado, durante a qual, pusemos o rabinho entre as pernas e fomos todos assinar o ponto. Ninguém fala de uma greve de zelo, a começar no período das avaliações, mas não, isso seria uma atitude demasiado nobre para ser levada a cabo por uma chusma de incompetentes que pensa logo: "HÉ PÁ, MAS ISSO VAI ATRASAR A MINHA IDA PARA FÉRIAS, NÃO PODE SER"! A ministra aparece na comunicação social a "chamar tudo aos professores" e eles, com um sorriso larápio ainda dizem "conheço colegas que são mesmo o que ela (ministra) diz"; e os MUITOS que o não são? Tive um saudoso professor de História Económica que, na década de 80, dizia "aos professores só já falta cagar em cima". Pois agora já não falta! RECUARAM COM OS MÉDICOS, RECUARAM COM OS MAGISTRADOS, MAS TÊM A OFENSIVA GANHA COM OS PROFESSORES QUE, DE FACTO, SÓ TÊM O QUE MERECEM."
Mariana (uma professora titular).
segunda-feira, setembro 25, 2006
Os campeões do arrependimento
Um recente inquérito feito pela Associação Nacional de Professores a 3252 professores concluiu que 43,6% não escolheriam esta profissão se pudessem voltar atrás. Tendo em conta tudo o que se tem dito dos professores, nomeadamente, que se trata duma classe privilegiada e bem remunerada, este resultado deve-nos fazer reflectir. Das duas uma: ou os professores gostam de dramatizar - se calhar é por isso que os consultórios dos psiquiatras se enchem desta gente! - e, nesse caso, não responderam ao inquérito com seriedade, ou então tudo o que se tem dito sobre eles não passa de um enorme embuste que deve ser desmascarado. Eu sei a resposta. E você, caro leitor?
sexta-feira, setembro 22, 2006
De indignação em indignação
Maria de Lurdes Rodrigues, acorrendo a mais uma solicitação, vem à estampa, esta semana na revista "Visão", num artigo de opinião, onde a dado passo escreve esta coisa singela: "A estruturação da carreira docente em dois níveis, introduzindo a diferenciação e o reconhecimento do mérito dos professores, procurará estimular o seu empenho...". Como?! Desde quando é que os professores se podem sentir motivados quando sabem que, por muito que se dediquem ao seu trabalho e por melhores que sejam os seus níveis de competência, o mais provável é nunca ascenderem à categoria de professor titular pela simples razão de que esta senhora decidiu introduzir numerus clausus no acesso aos patamares mais altos da carreira? Escrever estas alarvidades com o maior dos despudores, revela uma falta de honestidade intelectual que revolta qualquer leitor mais esclarecido. Mesmo que esse leitor não seja professor!
terça-feira, setembro 19, 2006
Os Conselhos Executivos
Ontem não vi o "Prós e Contras". E não vi porque de antemão sabia que não iria ser dito nada de novo. Além disso já não tolero ouvir a ministra: a senhora provoca-me náuseas e dado que não sou obrigado a ouvi-la, faço tudo para a evitar. Não duvido, no entanto, que muitos professores tivessem estado à frente do televisor ouvindo atentamente tudo o que a senhora tinha para dizer. Lendo alguns blogues esta manhã confirmei as minhas suspeitas: a ministra esteve igual a si própria, o mesmo é dizer, arrogância e prepotência a rodos e competência e educação a menos. No programa também estiveram alguns presidentes de conselhos executivos que, de acordo com os relatos, outra coisa não fizeram que bajular a ministra. Muitos deles, há muitos anos que não dão aulas mas mesmo assim arrogam-se o direito de querer representar os seus colegas professores. Deviam ter vergonha na cara. Esta gente - não são tão poucos quanto isso - está-se borrifando para a classe: fazem-se representar apenas a si próprios a aos seus interesses que na grande maioria dos casos passam pela perpetuação no poder sem olhar a meios e pisando (leia-se, perseguindo) todos aqueles que ousem enfrentá-los. No exercício do cargo seguem religiosamente as orientações do ministério, mesmo que estas sejam desapropriadas ao contexto em que se inserem. Não importa. É preciso mostrar serviço aos superiores hierárquicos e eles estão lá para isso. Querem dar a imagem de bons alunos e fazem os possíveis para manter a confiança das chefias (direcções gerais e ministério da educação). A grande maioria queixa-se do excesso de trabalho e das curtas férias mas, curiosamente, quando chegam as eleições lá estão eles novamente a recandidatar-se. Vá lá a gente perceber porquê! Limitação de mandatos precisa-se e com urgência!
domingo, setembro 17, 2006
A Área Projecto no 12ºAno
Os alunos do 12ºAno foram presenteados neste ano lectivo com uma nova "disciplina". Refiro-me concretamente à Área Projecto, área curricular não disciplinar, já velha conhecida dos alunos do unificado mas agora com outros níveis de exigência, no secundário. Alguém entendeu que o ensino secundário era demasiado académico e que seria necessário arranjar uma "disciplina" com carácter prático que desenvolvesse nos alunos uma visão integradora do saber, promovesse a sua orientação escolar e profissional e facilitasse a sua aproximação ao mundo do trabalho. Os alunos, claro está, não gostam da ideia. Os professores também têm dificuldade em acreditar no sucesso desta inovação. Será que alguém acredita verdadeiramente que a AP vá acrescentar algo de significativo à formação dos alunos do 12º ano? Chamem-me conservador mas esta parece-me mais uma daquelas medidas avulsas do ministério, apostado em modernices, que em nada acrescentam qualidade ao currículo e que acabam sim por constituir mais um suplemento de desmotivação em alunos e professores. Depois da Área Escola só faltava mais esta para nos atormentar o juízo e a paciência!
terça-feira, setembro 12, 2006
Uma classe amorfa
O ECD é uma coisa séria e devia merecer de todos os professores uma leitura atenta e pormenorizada. Infelizmente aquilo que se verifica é que grande parte ainda não leu o documento nem faz tenção de o ler. Não estão para aí virados. Uma pequena minoria limita-se a recolher algumas informações junto daqueles colegas que ainda se vão preocupando com a profissão, enquanto a esmagadora maioria nem isso faz. Não restem dúvidas que esta constante perseguição de que temos sido vítimas por parte da ministra da educação só acontece porque somos uma classe amorfa no que toca à defesa dos nossos direitos. Quando discordamos, os nossos protestos e lamentos ficam-se pela sala de professores, deixando que outros - os sindicatos e alguns professores mais ousados - façam o trabalho que devia caber a todos. Sendo assim, temos o que merecemos e não temos autoridade moral para nos queixarmos.
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Indiferença/Passividade dos docentes
sábado, setembro 09, 2006
Direito à indignação
Ainda a propósito do post anterior e num artigo sobre a mesma matéria, podemos ler no "Correio da Manhã" de hoje, o seguinte: "Os salários dos docentes nacionais são, no entanto, dos mais baixos quando comparados só por si com os dos outros países, sem levar em conta a ponderação do PIB. No início da carreira, um professor no Luxemburgo recebe 2554 euros por mês; na Alemanha, 2183; e em Espanha 1712."
Isto esquecerem-se os senhores do "Público" de referenciar porque obviamente não lhes interessa. Desde há muito tempo que este jornal vem fazendo uma campanha de assassinato público dos professores que já enoja. Manipulam dados, dão falsas notícias, sempre com o intuito de achincalhar a classe docente.
Se querem ser sérios utilizem os mesmo critérios e abordem os salários dos políticos, dos gestores públicos, dos advogados, dos engenheiros, dos médicos, dos juízes, dos enfermeiros. Aí é que os resultados seriam certamente surpreendentes!
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