quarta-feira, julho 30, 2008

Quem vier atrás...

"Porque a clareza se tornou, em tempos em que as palavras caíram nas mãos dos usurários, a mais rara das matérias-primas, vale a pena ler a entrevista que o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática deu ao "Jornal de Negócios" sobre a situação de desastre do ensino em Portugal.
Maria de Lurdes Rodrigues realizou, de facto, o milagre grouchiano de partir do nada e conseguir chegar à mais extrema miséria. Diz Nuno Crato, a propósito da política dos exames fáceis de Matemática, que "daqui a dez anos somos capazes de olhar para o que se passou nos exames este ano e pensar que foi das coisas mais negativas que aconteceram na educação nas últimas décadas". Daqui a dez anos, os jovens formados na pedagogia da não exigência terão descoberto que, ao contrário do ME, "la vie ne fait pas de cadeaux" e deveriam poder pedir responsabilidades a alguém. Mas daqui a dez anos a ministra terá regressado às profundezas do ISCTE e os seus secretários de Estado ao anonimato, e não é provável que saiam da obscuridade para assumir qualquer responsabilidade. Como sempre, quem vier atrás que feche a porta".

Manuel António Pina
JN

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