Depois de garantido o "entendimento", a ministra da educação anda muito atarefada, desdobrando-se em intervenções sobre tudo e sobre nada, mas sempre com um objectivo presente: diabolizar os professores aos olhos da opinião pública, acusando-os de todos os males que pairam no sistema de ensino. A estratégia é sobejamente conhecida e mete nojo pela forma recorrente como é utilizada.
Nos últimos dias, tem andado numa autêntica cruzada contra os "chumbos": que as reprovações só prejudicam os alunos; que nos outros países não se verificam tão altas taxas de retenção; que o objectivo actual é proporcionar a todos os alunos, sem excepção, a escolaridade básica de nove anos e as reprovações colidem com este objectivo, blá, blá, blá, blá...E repete este discurso até à exaustão.
Como esta senhora tem sempre segundas intenções naquilo que diz, quer-me parecer que ela anda a apalpar terreno com a clara intenção de decretar o fim das reprovações até ao 9ºano. Por muito absurda que possa parecer a implementação de uma medida desta natureza, Maria de Lurdes e seus pares, têm-nos dado provas mais do que suficientes de que com eles tudo é possível. No caso concreto, basta um sinal positivo da comunicação social e de uns quantos analistas encartados e a coisa avança sem espinhas. Não acreditam? Esperem e verão.
4 comentários:
Colegas,
gostava de deixar um link para um comunicado de imprensa para o qual peço a vossa colaboração na divulgação:
http://ruby.dcsa.fct.unl.pt/moodle/file.php/212/docs/uk/comunicado_de_imprensa_professoras_portuguesas.pdf
Professoras portuguesas em terras de Sua Majestade
Jovens licenciadas seguem carreira de ensino no sistema educativo inglês
Desde 2006, já quatro jovens licenciadas em Ensino de Ciências da Natureza pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCTUNL) se mudaram para Inglaterra, seguindo o sonho de serem professoras de ciências. Uma está actualmente colocada numa escola pública e as restantes estão a preparar-se
para isso.
Inglaterra, 1 de Maio de 2008
Grato pela atenção, subscrevo-me
João Fernandes
Acho que decretar o fim das reprovações seria o mais coerente com tudo o que o ME tem feito nestes três anos. "Coragem" já vimos que a senhora tem. Sentido do ridículo e vontade de melhorar o ensino, já vimos que não tem.
Só falta uma boa sondagem para saberem se a medida será eleitoralmente positiva.
Concordo plenamente com o comentário anterior. Julgo que à ministra não faltará vontade de acabar com as retenções, mas terá, apesar de tudo, um problema (pelo menos, por enquanto): possivelmente, isso seria muito mal recebido pela opinião pública em geral. Assim, a ministra tenta obter o que pretende de outro modo: pressionando os professores, acusando-os de facilitismo, tentando convencer a opinião pública de que os professores retêm os alunos porque não querem empenhar-se no trabalho com os mesmos, etc.
Como é possível distorcer a realidade desta forma tão despudorada?
Alice N.
Para mim, dava-me um jeitaço que acabassem com as reprovações: tinha melhores classificações na minha avaliação. Quanto ao futuro do país, a opinião pública, e principalmente os pais, que se preocupe.
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