"A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, anunciou mais 18 mil vagas em cursos profissionais do Secundário em 2008/09. Um crescimento de 60% num ano que, entre novos inscritos e alunos já a frequentarem estes cursos trienais (ver caixa), elevará para mais de 80 mil os estudantes do 10.º, 11.º e 12.º anos nestas vias. O Ministério fala em missão cumprida. Mas dois antigos governantes, ouvidos pelo DN, têm dúvidas sobre a qualidade da oferta.
"Serão mais de 48 mil alunos a entrar no 10.º ano para os cursos profissionais, portanto mais 18 mil lugares do que este ano", assinalou a ministra, num encontro com jornalistas . "Cumpre-se assim a meta de que metade dos alunos à entrada do secundário optam pelos cursos profissionais ou vocacionais".
"Os indicadores quantitativos são importantes, mas o mais importante é a qualidade", disse ao DN o ex-ministro da Educação José Veiga Simão. "A ambição de qualificar um milhão de portugueses é legítima, o objectivo de ter 50% dos alunos nestas vias também é correcto. Mas tem de se garantir a qualidade", advertiu.
"Que o balão não rebente"
Para José Canavarro, ex-secretário de Estado da Acção Educativa, "é evidentemente positivo que se consiga ficar perto dos 50/50 na oferta do secundário", mas subsistem ainda demasiados pontos de interrogação: "Esperemos que não seja um enorme balão de ar quente que rebenta a meio da subida".
De resto, apesar de a ministra ter citado medidas complementares, como programas de bolsas e estágios e a criação de uma plataforma para aproximar as escolas das empresas, os dois ex-governantes foram unânimes na consideração de que falta informação sobre aspectos como a aceitação dos cursos pelo mercado de trabalho, a qualidade dos professores recrutados e a formação por estes dada aos alunos: "O pior que nos pode acontecer é termos alunos diplomados de cursos sem qualidade", avisou Veiga Simão.
Após um período de estagnação, entre 1997 e 2004, com cerca de 30 mil inscritos, sobretudo em escolas privadas, o crescimento dos cursos profissionais foi rápido: em 2007/08, já abrangia cerca de 63 mil estudantes, um terço dos quais na rede pública. No próximo ano lectivo, em que assumirá 66% (12 700) das novas vagas, o Ministério da Educação já será o principal fornecedor desta oferta formativa".
Diário de Notícias
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