Para o agrupamento de escolas Bernardino Machado, em Joane, o parecer do Conselho Nacional de Educação que sugere a fusão do 1º e 2º ciclo já vem tarde: ambos os ciclos trabalham em conjunto e os alunos dizem não sentir qualquer "transição brusca".
"Se no 5º ano os alunos têm Inglês e Educação Física como disciplinas curriculares porque é que não podem logo começar a ser avaliados no 1º ano", questiona Alfredo Lima, presidente do agrupamento de escolas Bernardino Machado, em Joane, Famalicão.
Alfredo Lima defende que as Actividades Extra-Curriculares, que as crianças frequentam logo que iniciam o percurso escolar, passem a ser curriculares.
"Os alunos do 1º ano já têm Inglês, Educação Física, Música e Estudo Acompanhado que são algumas das disciplinas que vão ter ao longo de toda a vida escolar", salientou o presidente do agrupamento.
O estudo apresentado terça-feira pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e que recomenda a fusão do 1º e do 2º ciclos (a antiga escola primária e o ciclo preparatório) para acabar com as "transições bruscas" entre os vários níveis de ensino surpreendeu alguns pais e professores pela "demora".
Com cerca de dois mil alunos, o agrupamento de escolas Bernardino Machado há muito que adoptou estratégias para que os estudantes não sintam as "transições bruscas" de que fala o estudo do Conselho Nacional de Educação.
No início do ano lectivo, todos os alunos entram para o 5º ano chegam à escola acompanhados pela professora ("São quase sempre mulheres", diz Alfredo Lima, presidente do agrupamento) que leccionou o 4º ano.
"As crianças são entregues ao novo director de turma pela professora que os acompanhou no ano anterior", frisou Alfredo Lima.
"Querem juntar a escola primária com o ciclo preparatório? Mas a escola já funciona assim", disse, admirado, André Rodrigues, aluno do 5º ano da Escola Básica 2º e 3º Ciclos Bernardino Machado, em Joane, Famalicão..
"Podem chamar-lhe o nome que quiserem, mas com as Actividades Extra-Curriculares (AEC) os alunos, desde entram na escola que começam logo a ter vários professores", referiu Sónia Pessoa, mãe de um aluno do 4º ano.
A mesma opinião tem Patrícia Carneiro, aluna do 5º ano da Escola Bernardino Machado.
"Tínhamos a professora que nos ensinava Matemática, Português e Estudo do Meio e depois tínhamos mais uma professora para o Estudo Acompanhado, outra para Educação Física, outra para Inglês e mais um para Educação Musical", frisou Patrícia que, antes de mudar para a actual escola, frequentava a EB 1 de Matinhos, em Pousada de Saramagos, também em Famalicão.
Agora com uma dúzia de disciplinas e dez professores, a estudante não vê qualquer diferença entre "estar numa escola ou estar em outra".
Marta Francisca, também aluna do 5º ano, guarda ainda o "horário da 4ª classe".
"Já tínhamos as disciplinas marcadas por horas e dias tal como temos agora que andamos no 2º ciclo", disse à Lusa.
A cada aluno do 5º ano é entregue um mapa da escola com a localização de todos os serviços, o nome dos funcionários, as tarefas que desempenham e informações úteis como por exemplo, como se deve comprar a senha para o almoço.
"Acho muito bem a proposta de juntar os dois ciclos num só desde que isso não implique haver menos docentes a leccionar e turmas maiores", salientou o presidente do Agrupamento de Escolas Bernardino Machado.
Com a junção do 1º e 2º ciclos, a "transição brusca" pode estar a ser adiada para o 3º ciclo.
"A passagem para o 3º ciclo (para o 9º ano) é a mais complicada de todas porque há mais professores, mais disciplinas e novos métodos de estudo", disse Alfredo Lima.
O "maior problema" na mudança do 1º para o 2º ciclo para Patrícia Carneiro aconteceu na primeira semana de aulas.
"Estávamos à espera da professora de Ciências para ter aulas e como não a conhecíamos, deixamo-nos ficar no recreio a brincar. Teve que ser a professora a vir cá fora chamar os alunos", recordou Patrícia.
Emília Monteiro, Agência Lusa
Nota: Afinal parece que nem os alunos se sentem traumatizados, nem os pais manifestam qualquer preocupação com a transição do 1º para o 2º ciclo. Só os "iluminados" do Conselho Nacional da Educação e da CONFAP é que conseguem ver problemas onde eles não existem. E depois ainda querem que a gente acredite na independência destas entidades.
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