terça-feira, dezembro 02, 2008

Relato de um professor socialista que esteve sábado numa reunião na sede do PS

"Caros colegas,Sou militante do PS desde 1989 e estive ontem na sede do PS, Largo do Rato. Não tive a oportunidade de intervenção porque houve bastante participação. Inscrevi-me, mas confesso que abdiquei da minha intervenção pois iria repetir-me. Em resumo: insistência e muita propaganda para validar o modelo a qualquer custo. A divisão da carreira é para continuar, sendo que foi demonstrado cabalmente que não corresponde ao mérito mas sim a redução de custos e que mais de 2/3 dos professores jamais a atingem. Quero deixar a mensagem que só muito poucos é que tiveram a coragem de dizer as verdades. Enfim, a pressão é muita e o satus presente não permitiu que todos nos sentissemos "livres".

Porque sou socialista, porque acredito num verdadeiro PS e não neste, porque quero e luto por um PS mais justo, mais digno, mais fraterno... irei fazer greve assim como muito dos colegas presentes. Quero ainda dizer-vos: Este PS está aflito. Vai recorrer a tudo o que puder para levar por diante toda esta maquinação. Dizem que não podem perder a face.

Nós professores também não! Se ganharmos agora, ganhamos todos! Se perdermos neste momento, jamais nos levantaremos! O PS de Sócrates e não dos socialistas tudo irá fazer para nos vergar. Isto é uma certeza. Cabe-nos a nós resistir, porque resistir é vencer! Aguardo melhores dias para o meu verdadeiro PS.

PS: Foi dito por um colega que neste momento o PS já tinha perdido a maioria e que se arriscava mesmo a perder as eleições com esta luta contra os professores. Este PS não está mesmo preocupado... e todos nós julgamos saber porquê. Quem vier a seguir que feche a porta, pois estes já têm lugar de estadia e vôo marcado para destinos definidos e bem remunerados".

Professor socialista que não vota neste PS.
30 de Novembro de 2008 17:58

1 comentário:

Ana Fernandes disse...

É com mágoa que reconheço, agora mais do que nunca, desunião e mal estar nas escolas.
Agora entendo aqueles que estando de acordo com esta avaliação, se sentiram perseguidos.
Será que não se pode ter outra opinião? Já não se respeita o livre arbítrio?
Estive sempre na luta, desde o início:
-Escrevi ao 1ºministro
-Fui a todas as concentrações na Av dos Aliados tendo, inclusive lançado uma dessas concentrações.
-Fui ás duas de Lisboa
-Fui a grande incentivadora na escola a promover esta última ida a Lisboa convocando como se de um passeio se tratasse. Fiz um cartaz que nos representou com dignidade e apareceu nos média.
Acabou o meu mandato. Acabei hoje de ouvir, após olhares de desaprovação por parte de vários colegas: "Não me mandes mais mails"(será o último se desejar). Tratam como se os tivesse traído e porquê?
Porque eu não fiz greve (quem me dera ter podido fazer)
Alguém me perguntou porquê?
Uma pessoa.
Expliquei que tinha usado todas as armas que tinha mas o dinheiro não era uma arma que dispusesse.
Amigos? Não. São só colegas e não são obrigados a entender.
Nem vou aqui entrar em pormenores.
Mas de algo tenho a certeza. Ninguém nunca me viu questionar porque não foram a nenhuma das concentrações (eram de borla), nunca critiquei porque respeito isso. O que fiz foi pela minha cabecinha. Sou responsável pelos meus actos e esta ferida não me vai demover. A união entre os professores será sempre uma utopia. Os pequenos focos de amizade prevalecerão mas somos demasiados para podermos pensar todos do mesmo modo.
Isso é notório se perguntarem aos colegas: "...então que modelo de avaliação implementarias?"
Certo é que a maioria não quer este modelo de avaliação mas respeito aqueles que a querem.
Cá por mim continuarei a contestá-la. Aqui ou noutra escola.
Abomino pressões de qualquer tipo. Recuso-me a agir pressionada.
Descredibiliza, no entanto, que apenas 4 dos grevistas tenham vindo à escola. De facto, era suposto ter sido uma greve diferente em que os docentes se concentrariam no portão. O que tivemos foi 3 no interior da escola e um, bastante constrangido, no café (a ter que conversar com os 5 ou 6 "traidores”).
Não irei nunca, nem nunca o fiz, confrontar o modo como cada qual vive a sua luta. Cada um atravessa uma etapa de vida, vicissitudes, familiares doentes, dificuldades económicas, períodos mais ou menos contestatários. Custa muito entender? Será preciso ser mais do que colega. É preciso ser-se AMIGO. Respeitar o outro. Favorecer os laços no nosso local de trabalho. Minados já nós somos muito.

in
profindignada.wordpress.com