"O "magister dixit" deixou de funcionar
"Primeiro precisamos de bons professores com perfil e carisma para ensinar e que gostem de lidar com jovens". (in comentário ao artigo Sistema de ensino na Finlândia).
****
" Bons professores, como Vergílio Ferreira ou Mário Dionísio não passariam nesta avaliação complicada". (Clara F. A. num programa de TV)
****
O que é um bom professor, o que é ter perfil, carisma e vocação, hoje?!
Actualmente precisamos que os professores sejam bons profissionais, o sistema precisa de milhares e não de dois ou três com perfil, carisma e vocação.
Reconheço a esses dois professores referidos por CFA, embora não tenha conhecimento próximo deles, uma cultura vastíssima, geral e específica nas suas disciplinas, eram considerados uns "monstros" de saber.
Nesse tempo, e no enquadramento da educação de então, valia o saber livresco e o "magister dixit". Para transmitir o saber não havia problemas de disciplina e eram legais "armas eficazes e mortíferas" de aniquilamento dos alunos ousados e a sua decisão de as usar, ou usá-las de facto, não era contestada por ninguém, nem pela hierarquia, nem pelos encarregados de educação e muito menos pelos alunos.
Nesse tempo é que era fácil avaliar professores, só o item do saber contava. Iam à escola dar as aulas do seu horário, sem ter que mostrar planos delas a ninguém e no tempo próprio dar as avaliações: notas e exames, passando e reprovando sem ter de fazer relatórios ou outras justificações.
De há 30 anos para cá, já não é verdade que a autoridade se impõe pelo saber. O conceito de saber mudou, o perfil do aluno é outro e os seus saberes são variados. O ponto de vista do professor já não é cegamente aceite e a autoridade autoritária já não existe.
Todos reconhecem isto mas o ME continua a impor soluções velhas para problemas novos, assim como a população em geral. Não é a facilitar aos alunos e a massacrar os professores que se consegue o ambiente favorável de produtividade nas escolas. Os CE's (antes CD's) também não têm inovado, ao menos dentro do que lhes é possível.
O professor ideal nunca existiu nem existe, como qualquer outra coisa que seja ideal. A perfeição é inalcançável.
Hoje o professor tem que ser bem preparado intelectual, emocional, comunicacional e eticamente. Cultura geral razoável, saber científico quanto baste nas suas matérias e saber transmiti-lo agradavelmente servindo-se dos meios ao seu dispor, como as novas tecnologias ou outras.
Mais importante que tudo, o bom professor deve saber relacionar-se com todos na escola, sobretudo com os alunos, porque tem que estar quase em permanente interacção com eles. Uma relação séria e efectiva que permita conhecê-los, acompanhá-los e orientá-los.
Da qualidade desses relacionamentos depende o bom funcionamento da escola e o bem-estar que se deseja para desenvolver um trabalho produtivo.
Com a escola organizada como está não há o relacionamento adequado.
Avaliem-se as condições de cada escola mas não com rankings de exames, porque isso é à boa maneira antiga. Inventem uma ficha com tantos itens como a que apresentaram para os professores".
"Primeiro precisamos de bons professores com perfil e carisma para ensinar e que gostem de lidar com jovens". (in comentário ao artigo Sistema de ensino na Finlândia).
****
" Bons professores, como Vergílio Ferreira ou Mário Dionísio não passariam nesta avaliação complicada". (Clara F. A. num programa de TV)
****
O que é um bom professor, o que é ter perfil, carisma e vocação, hoje?!
Actualmente precisamos que os professores sejam bons profissionais, o sistema precisa de milhares e não de dois ou três com perfil, carisma e vocação.
Reconheço a esses dois professores referidos por CFA, embora não tenha conhecimento próximo deles, uma cultura vastíssima, geral e específica nas suas disciplinas, eram considerados uns "monstros" de saber.
Nesse tempo, e no enquadramento da educação de então, valia o saber livresco e o "magister dixit". Para transmitir o saber não havia problemas de disciplina e eram legais "armas eficazes e mortíferas" de aniquilamento dos alunos ousados e a sua decisão de as usar, ou usá-las de facto, não era contestada por ninguém, nem pela hierarquia, nem pelos encarregados de educação e muito menos pelos alunos.
Nesse tempo é que era fácil avaliar professores, só o item do saber contava. Iam à escola dar as aulas do seu horário, sem ter que mostrar planos delas a ninguém e no tempo próprio dar as avaliações: notas e exames, passando e reprovando sem ter de fazer relatórios ou outras justificações.
De há 30 anos para cá, já não é verdade que a autoridade se impõe pelo saber. O conceito de saber mudou, o perfil do aluno é outro e os seus saberes são variados. O ponto de vista do professor já não é cegamente aceite e a autoridade autoritária já não existe.
Todos reconhecem isto mas o ME continua a impor soluções velhas para problemas novos, assim como a população em geral. Não é a facilitar aos alunos e a massacrar os professores que se consegue o ambiente favorável de produtividade nas escolas. Os CE's (antes CD's) também não têm inovado, ao menos dentro do que lhes é possível.
O professor ideal nunca existiu nem existe, como qualquer outra coisa que seja ideal. A perfeição é inalcançável.
Hoje o professor tem que ser bem preparado intelectual, emocional, comunicacional e eticamente. Cultura geral razoável, saber científico quanto baste nas suas matérias e saber transmiti-lo agradavelmente servindo-se dos meios ao seu dispor, como as novas tecnologias ou outras.
Mais importante que tudo, o bom professor deve saber relacionar-se com todos na escola, sobretudo com os alunos, porque tem que estar quase em permanente interacção com eles. Uma relação séria e efectiva que permita conhecê-los, acompanhá-los e orientá-los.
Da qualidade desses relacionamentos depende o bom funcionamento da escola e o bem-estar que se deseja para desenvolver um trabalho produtivo.
Com a escola organizada como está não há o relacionamento adequado.
Avaliem-se as condições de cada escola mas não com rankings de exames, porque isso é à boa maneira antiga. Inventem uma ficha com tantos itens como a que apresentaram para os professores".
Joviana Benedito
Expresso.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário