domingo, março 02, 2008

E a mentir se faz a cabeça da opinião pública

"Os envelhecidos sindicatos e os quadros partidários mais activistas descobriram agora as potencialidades dos SMS e as virtudes das manifestações espontâneas convocadas por mensagens de telemóvel. Há pouco, tinham descoberto a contestação ao fecho das urgências e a demissão do ministro Correia de Campos, que o corajoso Governo do determinado primeiro-ministro José Sócrates entrara na fase das cedências e do recuo face à pressão das urnas.
Como resultante destas duas descobertas, aí tivemos, esta semana, concentrações em série de professores espontaneamente organizados um pouco por todo o país: Leiria, Porto, Caldas da Rainha, Aveiro. E mais aparecerão, de geração igualmente espontânea. Se esta forma de protesto resultou na Saúde por que não poderá dar os mesmos frutos na Educação? Ou, como dizia por estes dias o veterano líder da ortodoxa Fenprof: "Se conseguirmos a demissão, a curto prazo, da equipa do Ministério da Educação, criam-se condições para começar a discutir". Pois.
É indiscutível, para o país, a importância das actuais reformas na Educação. De introduzir, finalmente, um sistema de avaliação dos professores semelhantes ao que já existe em quase todos os sectores de actividade e empresas portuguesas. De premiar o mérito e acabar com as progressões automáticas que promovem a mediocridade. De dotar as escolas de uma gestão com efectiva capacidade de liderança e de decisão. Percebem-se as resistências e apreensões dos professores face às consequências práticas das mudanças. Mas percebe-se, também, a quem interessa fazer passar a ideia de que a ministra está politicamente isolada e sem base de apoio, nas escolas e no país.
Sócrates já tem a irremediável Ana Benavente a tentar fazer um remake na Educação do papel que Manuel Alegre fez na Saúde. Esperemos não o ouvir a repetir, um dia destes, que "as condições políticas para que a ministra Maria de Lurdes Rodrigues fizesse passar a sua acção estavam a deteriorar-se". Como fez com Correia de Campos. Porque o primeiro-ministro joga aqui a credibilidade das suas políticas reformistas, o respeito do seu Governo e, provavelmente, a maioria nas eleições de 2009".

José António Lima
Sol

Nota: o sublinhado é meu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando o homem diz que é indiscutível a importância destas reformas, lá terá as suas razões de spin.
Centrar tudo nos professores e respectiva carimbadela impede que se vá mais ao fundo dos problemas que até existem.
Colocar escolas a par com empresas, baralhar tudo, polvilhar com méritos e prémios, assim se ilude a coisa.