"Das duas uma ou a ministra se cansou muito depressa do breve intervalo de paz que as circunstâncias lhe concederam ou não percebeu como escapou ao cutelo da remodelação a que se atreveu o primeiro-ministro. Seja como for, aí está ela de volta às hostilidades com os professores.
Medindo a tarefa ciclópica (e onde é que eu já ouvi isto?) de educar e ensinar os jovens portugueses, muitos dos quais não querem ser ensinados (e ainda menos educados), qualquer alma caridosa não deveria desejar à ministra um tão sinistro destino. Mas lá que ela o merece - ai isso merece!
Na história moderna, e nem por isso honrosa, do Ministério, cujos resultados os portugueses pagam mas não vêem, não pode ser ignorada a comissão de "sábios" que por lá se foi instalando. Não agora, mas desde há anos. Faltava juntar à obra, se é que faltava, a desautorização dos professores, expondo-os ao desrespeito atrevido e ignorante de toda a gente, incluindo pais (eles próprios tantas vezes carecidos de educação e instrução). Foi o que a ministra fez - ou consentiu que se fizesse - alienando os que melhor apoio lhe poderiam dar, os mais antigos, ultrapassados por motivos pouco claros.
Não consigo apartar-me de três ideias: primeiro, quem anda por lá a teorizar já esqueceu (se é que alguma vez soube) o que é uma escola; depois, não conhecem limites o autismo e a arrogância dos que nada perguntam, a ninguém ouvem e tudo sabem; finalmente, importantes são as estatísticas para Bruxelas, em nome das quais todas as enormidades se admitem. Esta ministra, cujo feitio nem sequer nos seduz a reconhecer-lhe a razão mesmo quando ela acaso a tem, deveria aprender com o que aconteceu ao colega que foi queimado em lume brando até que a rua o mandou para a rua. Sem piedade.
António Freitas Cruz, jornalista
JN
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