sexta-feira, março 07, 2008

Valerá a pena mudar?

"Só não vê quem não quer ver.
Há coerência na actuação do Governo. Mudar de ministro sem mudar de política, não adianta nada.
Há uma vaga de fundo imparável, messiânica de contra tudo e contra todos resolver o problema do défice e das contas públicas. Até aqui muito louvável.
Mas à custa de quê?

A ideia não é nova, já Salazar a teve e pôs em prática.

Os ministérios da educação e o da saúde são os que dão maior despesa. Portanto, um raciocínio linear e directo leva a que se corte nos gastos nestes sectores, sejam quais forem as consequências. É triste, mas é o que se está a passar: acabar lenta e despudoradamente com a escola pública e com o serviço nacional de saúde. Não serve de nada mudar os ministros se a política continua a mesma. É por isso que o PSD anda às aranhas. Já não tem espaço político. Este PS ocupa todo o espaço à sua direita. Por outras palavras: com um PS destes, quem precisa dum PSD ou CDS?


Vejam o emaranhado, a complexidade do processo burocrático que envolve esta avaliação. (E depois falam em simplex e em desburocratização...)




Que tempo resta para ensinar? A cabeça dos agentes educativos fica atafulhada de tarefas estupidificantes, inúmeros papeis para preencher e não sobra um cantinho para o que devia ser a sua mais nobre missão: ensinar. Além disso, são obrigados a permanecer num local sem o mínimo de condições para pensar e trabalhar. Eu sei o que é ter de passar os intervalos numa sala de professores, onde há cerca de 20 pessoas a conversar sobre tudo e sobre nada, a falar ao telefone e a fazer barulho. Sem secretárias, muito menos computadores. Como pode um professor aproveitar esses tempos, fora das aulas, para trabalhar, para aprofundar a sua formação científica, ou para pensar? Completamente impossível! Em casa ou no jardim sempre se consegue mais privacidade, ambiente de estudo e capacidade de se concentrar. Fala-se tanto em comparar uma escola a uma empresa. Nas empresas os funcionários têm um local de trabalho. Mesmo no ensino dito superior, muitos docentes não têm um local de trabalho, quanto mais os docentes do básico e secundário. Isto passa-se numa escola superior pública em Lisboa, não é nos confins da província. Tenho colegas que compraram a secretária e a cadeira onde se sentam e instalaram num cubículo que conseguiram surripiar mediante secretas manobras de bastidores. Outros nem isso. Lâmpadas, papel e material de escrita, temos de levar de casa. Isto para não falar de computadores ou de ar condicionado.

Qualquer pai que se preze e tenha possibilidades para isso, não sujeita os seus filhos a esta fantochada, simulacro de escola. Se quiser que eles tenham uma formação a sério, que eles aprendam alguma coisa, que eles consigam entrar num curso de medicina, têm de os colocar numa escola privada, ou contratar bons e caríssimos explicadores.

Custa muito mais que nos tentem enganar, do que dizer as verdades, por mais duras que sejam. Por favor, digam-nos claramente, a todos os cidadãos, ao País, que o Estado não suporta as actuais despesas com a educação pública nem com o serviço nacional de saúde e que se está a fazer tudo para reduzir os seus raios de acção e em consequência os seus gastos. O resto é folclore.O que se quer é pura e simplesmente privatizar a saúde e a educação.Não nos enganem dizendo que estão a cuidar dos alunos e das futuras gerações, quando estão apenas a economizar, mas economizar sem racionalizar, sem iliminar os gastos supérfluos, mas sim e erradamente, cortando no que é básico e essencial".

http://homoclinica.blogspot.com/

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