Que tempo resta para ensinar? A cabeça dos agentes educativos fica atafulhada de tarefas estupidificantes, inúmeros papeis para preencher e não sobra um cantinho para o que devia ser a sua mais nobre missão: ensinar. Além disso, são obrigados a permanecer num local sem o mínimo de condições para pensar e trabalhar. Eu sei o que é ter de passar os intervalos numa sala de professores, onde há cerca de 20 pessoas a conversar sobre tudo e sobre nada, a falar ao telefone e a fazer barulho. Sem secretárias, muito menos computadores. Como pode um professor aproveitar esses tempos, fora das aulas, para trabalhar, para aprofundar a sua formação científica, ou para pensar? Completamente impossível! Em casa ou no jardim sempre se consegue mais privacidade, ambiente de estudo e capacidade de se concentrar. Fala-se tanto em comparar uma escola a uma empresa. Nas empresas os funcionários têm um local de trabalho. Mesmo no ensino dito superior, muitos docentes não têm um local de trabalho, quanto mais os docentes do básico e secundário. Isto passa-se numa escola superior pública em Lisboa, não é nos confins da província. Tenho colegas que compraram a secretária e a cadeira onde se sentam e instalaram num cubículo que conseguiram surripiar mediante secretas manobras de bastidores. Outros nem isso. Lâmpadas, papel e material de escrita, temos de levar de casa. Isto para não falar de computadores ou de ar condicionado.
Qualquer pai que se preze e tenha possibilidades para isso, não sujeita os seus filhos a esta fantochada, simulacro de escola. Se quiser que eles tenham uma formação a sério, que eles aprendam alguma coisa, que eles consigam entrar num curso de medicina, têm de os colocar numa escola privada, ou contratar bons e caríssimos explicadores.
Custa muito mais que nos tentem enganar, do que dizer as verdades, por mais duras que sejam. Por favor, digam-nos claramente, a todos os cidadãos, ao País, que o Estado não suporta as actuais despesas com a educação pública nem com o serviço nacional de saúde e que se está a fazer tudo para reduzir os seus raios de acção e em consequência os seus gastos. O resto é folclore.O que se quer é pura e simplesmente privatizar a saúde e a educação.Não nos enganem dizendo que estão a cuidar dos alunos e das futuras gerações, quando estão apenas a economizar, mas economizar sem racionalizar, sem iliminar os gastos supérfluos, mas sim e erradamente, cortando no que é básico e essencial".
Sem comentários:
Enviar um comentário